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97° Aniversário da A.H.B.V.C. Óbidos

A Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários do Concelho de Óbidos pretende criar uma secção avançada na zona da Praia D‘el Rei e Bom Sucesso, para conseguir prestar socorro de forma célere naquela área, e no quartel tenciona arranjar mais espaço para os operacionais e construir também um novo edifício com auditório de 500 lugares, salas de formação e garagem subterrânea para cerca de vinte ambulâncias. O anúncio foi feito nas comemorações dos 97 anos da corporação.

A criação de uma secção destacada dos bombeiros na zona da Praia D‘el Rei e Bom Sucesso é uma ideia “ambiciosa” da corporação de bombeiros de Óbidos, com base num estudo de monitorização das ocorrências verificadas naquela área, pertencente às freguesias de Amoreira e Vau.

O comandante dos bombeiros, Marco Martins, explicou que “o tempo de resposta que demoramos até lá muitas vezes inviabiliza a capacidade de socorro em casos de paragem cardiorrespiratória”.

O projeto passa, em conjunto com o Município e as unidades hoteleiras e empresas, chegar a um entendimento para financiar a secção, para “permitir a eficiência na resposta”.

Outro objetivo a atingir é a constituição de uma terceira Equipa de Intervenção Permanente (EIP), que após negociações com o Município “falta formalizar”. “Esperamos que este ano tenhamos o socorro profissionalizado durante a semana 24 horas por dia, ficando apenas dependentes dos voluntários aos fins de semana e feriados”, manifestou o comandante. Cada EIP desenvolve o seu trabalho em turnos de oito horas.

A implementação de um curso profissional de bombeiro, em parceria com o Agrupamento de Escolas Josefa de Óbidos e a Escola Nacional de Bombeiros, a arrancar em setembro, foi outro dos projetos anunciados pelo responsável, para “sustentar o voluntariado e garantir que nos próximos anos tenhamos mais jovens afetos aos bombeiros”.

No seu discurso, Marco Martins abordou vários aspetos, sublinhando a comunicação, a imagem, a formação, a acreditação de entidade formadora, a escola de infantes e cadetes, os projetos “Saber para salvar – Crescer melhor” e “Mais próximos mais seguros – Melhor idade”, os protocolos de cooperação, o apoio social e o transporte não urgente de doentes, uma atividade com grande prestação de serviços na corporação.

Recordou momentos passados recentemente, como a participação num exercício em Itália, a missão à Ucrânia, a Gala bombeiro e os falecimentos do subchefe Antunes e do chefe Ventura, e endereçou agradecimentos ao Município, à direção, a todos os bombeiros e familiares, por contribuírem para o funcionamento da instituição.

Construir auditório com 500 lugares

O presidente da direção da associação humanitária, Mário Minez, revelou que estão a “trabalhar num projeto ambicioso que iremos apresentar em breve, a construção de um edifício” no quartel, para suportar a área administrativa, libertando o edifício principal para ser reformulado e em exclusividade responder às necessidades da área operacional.

O novo edifício será composto por um auditório com 500 lugares, o que será o maior no concelho de Óbidos, salas de formação e uma garagem subterrânea para cerca de 20 ambulâncias. Estima-se um investimento na ordem de um milhão de euros e o cenário ideal era que pudesse estar pronto no centenário da associação humanitária, dentro de três anos.

Sobre o 97º aniversário, o dirigente lembrou que as comemorações regressaram ao quartel, “depois de nos últimos anos termos realizados os nossos aniversários num bonito percurso pelas nossas freguesias”.

Referiu-se ainda ao desfile motorizado por todas as freguesias do concelho, realizado no sábado, “uma aposta ganha”, porque “foi muito satisfatório sentir o reconhecimento da população nos esperavam na estrada, vinham à janela e às portas para ver passar os carros dos bombeiros, um momento muito bonito”.

Destacou também outra das iniciativas no âmbito do aniversário, a designação do Salão Nobre, que passou a ter o nome Comandante Fernando Guilherme de Melo Pimenta, em homenagem a “um dos grandes comandantes desta casa”.

O lançamento do primeiro livro da história da associação, que ocorreu no último Fólio de Óbidos, a formação dos bombeiros em Itália e em Espanha, o investimento em Equipamento de Proteção Individual, com a aquisição de 70 capacetes que custaram mais de 27 mil euros, o anúncio do investimento de cerca de 50 mil euros este ano na aquisição de mais 20 equipamentos de proteção individual florestais e outros equipamentos de segurança, a compra de um Veículo Especial de Combate a Incêndios e de mais uma ambulância de socorro, mereceram igualmente referência no discurso de Mário Minez.

“Em termos financeiros realço que no último ano, pela primeira vez, obtivemos mais de 50% das receitas em prestação de serviços”, relatou, indicando que foi “mais um ano em que o balanço total supera os dois milhões de euros e apresentámos resultado positivo superior a cem mil euros”.

“Não posso deixar de reforçar que a associação é titular de 45 veículos, dos quais cerca de 25 foram adquiridos nestes últimos seis anos. A maioria são veículos de transporte de doentes não urgentes, concretamente 18 veículos com menos de seis anos”, vincou, para elogiar o apoio do Município obidense, “um dos principais pilares de suporte financeiro para esta associação”.

Explanou ainda que “passámos de um corpo de bombeiros que variava entre os 60 a 70 bombeiros, para nos últimos três anos se manter um corpo ativo com cerca de 130”.

Carlos Silva, responsável do comando sub-regional do Oeste da Autoridade nacional de Emergência e Proteção Civil, felicitou a corporação de bombeiros, da qual já foi comandante.

Recordou a parceria com as juntas de freguesia, iniciada em 2015, para haver uma estratégia de divulgação do trabalho dos bombeiros, daí que as sessões de aniversário dos últimos anos tenham sido descentralizadas, regressando este ano ao quartel.

Apelou também ao presidente da Câmara para que continue a apoiar este corpo de bombeiros e deu os parabéns à direção da associação humanitária pela gestão desenvolvida.

Lembrou ainda o anterior presidente e comandante, Frederico Garcia, recentemente falecido.

O presidente da Federação de Bombeiros do Distrito de Leiria, Rui Rocha, manifestou esperança de que o novo Governo “possa fazer coisas melhores” pelos bombeiros, passando pela dotação de uma carreira para fixar os elementos, por uma nova forma de financiamento e que os bombeiros “não sejam esquecidos”.

Presidente da Liga entrega medalhas

Rui Rocha recebeu a medalha de serviços distintos grau ouro da Liga dos Bombeiros Portugueses (LBP) por ser “um defensor dos bombeiros do distrito”.

A medalha de agradecimento pelo trabalho desenvolvido ao comandante Marco Martins e ao presidente da associação humanitária foi também entregue pelo presidente da LBP, António Nunes, que esteve na cerimónia.

O dirigente declarou que “estamos num momento de expetativa muito elevada nos bombeiros portugueses, com a mudança do Governo”, lembrando as “promessas feitas por todos os políticos” em prol dos bombeiros.

“Pela primeira vez há uma promessa de que os bombeiros voluntários com contratos de trabalho nas associações humanitárias de bombeiros vão ter um estatuto e uma carreira e no dia 17 pedimos a todas as associações e federações que escrevam uma cartinha a lembrar que devem cumprir com essa promessa”, exortou. A missiva deve chegar, entre outros, à Assembleia da República e ao Governo. “Basta publicar uma portaria para que haja regulamentação. Não precisamos de dinheiro, só precisamos que as várias entidades da saúde e a administração interna paguem a tempo e horas aquilo que nos devem, ou seja, o ressarcimento integral das despesas que os bombeiros têm para socorrer as populações em substituição do Estado”, disse António Nunes.

“A saúde deve-nos entre 25 a 30 milhões de euros, o ministério da justiça um milhão de euros e ainda há despesas extraordinárias de fogos florestais de 201. Se pagarem as associações terão as contas equilibradas”, sublinhou.

O presidente da Câmara, Filipe Daniel, afirmou que “não me arrependo de um cêntimo que tem sido investido pelo Município aos bombeiros e da nossa parte contarão sempre com o nosso apoio”.

O vice-presidente da mesa da assembleia geral da associação humanitária, Albino Sousa, fechou a cerimónia, destacando que a sustentabilidade financeira é um desafio em que a corporação está empenhada.

Promoções e condecorações

Na cerimónia de promoções e condecorações foram atribuídas insígnias a Lucas Herculano, que ingressou durante o último ano na Escola de Infantes e Cadetes, constituída por 19 elementos. Por ter completado 14 anos, passou à categoria de cadete o infante Luís Malhoa.

Tendo concluído com aproveitamento o 5º Curso de Formação Inicial de Bombeiro, foram entregues as divisas de Bombeiro de 3.ª aos estagiários Tiago Silva, Vanda Soares, Willian Magalhães, Ricardo Venceslau, Jaqueline Lobato, Lidia Bicho, Lidiomar Júnior, Afonso Delgado e Pedro Tavares. A divisa de Bombeira Especialista foi atribuída à estagiária Alice Ferreira.

Procedeu-se ao juramento de bandeira dos novos elementos que passam integrar o quadro ativo.

Foram distinguidos com a Medalha de Assiduidade Grau Cobre, por cinco anos de “bons e efetivos serviços”, os bombeiros de 3ª Alexandre Costa, Beatriz Silva, Silvana António e Miguel Antunes. Por razões de ordem pessoal e profissional, não esteve presente a bombeira Ana Beatriz Morais.

Foram distinguidos com a Medalha de Assiduidade Grau Prata, por dez anos de “bons e efetivos serviços”, os bombeiros de 2ª Rafael Mendonça, Pedro Oliveira e João Coelho, e o bombeiro de 3ª Rodolfo Ramos.

Com a Medalha de Assiduidade Grau Ouro, por quinze anos de “bons e efetivos serviços”, foi galardoado o bombeiro de 1ª David Santos, por vinte e cinco anos a adjunta de comando Patrícia Reis, a subchefe Adélia Antunes e o bombeiro 1ª Luís Rodrigues, e por trinta anos os bombeiros de 1ª Emídio Eusébio e  de 2ª João Pereira.

Foi atribuído ao cadete Valter Costa o galardão de Bombeirinho do Ano, com o propósito de premiar, valorizar e reconhecer o infante ou cadete que durante o ano transato se destacou perante os elementos que constituem a Escola de Infantes de Cadetes,

O galardão Bombeiro do Ano, que premeia, valoriza e reconhece formalmente a dedicação, empenho, espírito de sacrifício, disponibilidade e ambição pela causa dos Bombeiros, distinguiu o bombeiro de 3.ª João Coelho, a quem foi atribuído o galardão e um cheque no valor de 100€ oferecido pela direção da associação.

Fonte: Jornal das Caldas

28 outubro 2024 |